por Redação MundoMais
Segunda-feira, 13 de Outubro de 2014
A decisão desta semana da Suprema Corte dos Estados Unidos que elevou para 24 o número de Estados do país, além do Distrito de Colúmbia, que permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo é uma mostra dos avanços dos direitos LGBT no mundo.
Entretanto, essa mesma evolução causa retrocessos para esses cidadãos em outros locais do globo –a pratica sexual entre pessoas do mesmo sexo ainda é ilegal em 78 países e alguns deles recentemente aprovaram leis que tornam a legislação ainda mais dura.
Esse é o saldo encontrado pela revista britânica "The Economist", uma das mais respeitadas do mundo, em sua reportagem de capa desta semana, destinada a analisar a divisão global nos direitos LGBT.
A publicação cita os casos recentes da Nigéria, que recentemente aprovou uma lei que prevê dez anos de prisão para pessoas do mesmo sexo que assumem seu relacionamento publicamente, e da Rússia, que barra a "promoção" da homossexualidade.
"Isso é, em parte, uma reação ao avanço dos direitos gays no Ocidente", diz a revista. Com a globalização, pessoas que moram em países em que a maioria considera a homossexualidade uma abominação agora podem ver imagens de Paradas LGBT em vários locais. "Eles consideram isso chocante", afirma a publicação.
Esse fator é usado por políticos para ganhar popularidade, já que, diz a "Economist", "em muitos locais, "atacar os direitos dos LGBT ainda pode ser politicamente útil e popular".
Um exemplo disso é o presidente russo, Vladimir Putin, que usa esse discurso para abordar outros temas: que o Ocidente traz uma influência que deve ser rejeitada e que a tolerância e o liberalismo são contrários aos valores russos.
Ao mesmo tempo, em alguns países, a aprovação pública dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais aumentou rapidamente.
A revista conta que, há menos de 20 anos, em janeiro de 1996, ao colocar na capa a imagem de dois bonequinhos de noivos em um bolo de casamento com o título "deixe que eles se casem", recebeu "mais cartas hostis do que qualquer outra capa anterior, ultrapassando inclusive o pedido pela abolição da monarquia britânica".
Ao citar uma pesquisa do instituto Pew Research em 39 países que relaciona a religiosidade do país à sua tolerância com LGBTs, a "The Economist" diz que o Brasil é "uma enorme exceção" e que as atitudes aqui são "amplamente tolerantes". "A violência homofóbica, entretanto, permanece um problema", afirma.