por Redação MundoMais
Segunda-feira, 30 de Outubro de 2023
Na madrugada desta segunda-feira (30), artista Lorna Washington faleceu, aos 61 anos. Com uma trajetória que teve início na década de 1980, Lorna consolidou-se como uma das pioneiras na cena LGBT+ brasileira, sendo conhecida pela habilidade de interpretar diferentes personagens com maestria, o que lhe rendeu o apelido carinhoso de “Fernanda Montenegro do mundo drag”.
A notícia do falecimento foi confirmada por Rene Júnior, vice-presidente do Grupo Pela Vidda. Ainda que a causa da morte não tenha sido divulgada, a comunidade e admiradores expressam nas redes sociais seu pesar e gratidão pela jornada da artista.
A trajetória de Lorna Washington é marcada por performances impactantes que romperam barreiras e contribuíram para uma maior visibilidade e aceitação das diversas expressões de gênero. Seu legado é imensurável e continua a inspirar artistas e ativistas que lutam por inclusão e diversidade.
Seus espetáculos eram uma mescla de humor, crítica social e muita autenticidade, características que a ajudaram a conquistar um público fiel e diversificado ao longo das décadas. Lorna também era conhecida por seu ativismo, sendo uma voz ativa na luta pelos direitos e visibilidade da comunidade LGBT+.
Celso Paulino Maciel, que dava vida à personagem, também foi atuante no país contra a epidemia do HIV. Em entrevista em março de 2021, Lorna contou que foi a primeira pessoa a fazer teste de HIV no Brasil.
“Eu acabei me tornando uma referência de HIV no Brasil por conta da minha militância. Eu já fazia um trabalho voluntário com a médica Márcia Rachid lá no Gaffrée e Guinle e trabalhava no Papagaio. Um dia ela recebeu a visita de um médico brasileiro que estava cedido por uma universidade americana e ele estava fazendo um teste de HIV que era 100% de acerto, porque naquela época os testes não eram muito “certos”. A probabilidade de erro era muito grande e o dele era de 100% de efetividade. Ele veio até a mim através da Márcia e me pediu se eu podia lá no Papagaio falar com as pessoas que estava fazendo este teste e que ele precisava de voluntários e coisa tal, e falei com as pessoas na noite. Na época, a gente tinha o Roxy Roller (um templo da patinação localizado na Lagoa no início da década de oitenta) que estava funcionando e tinha várias salas lá, e nós conseguimos uma sala pra ele poder fazer os testes. As pessoas não precisavam dar nem o nome, ele dava um número para a pessoa se quisesse saber o resultado. E eu pra dar o exemplo, fui a primeira pessoa a fazer. Eu fiz, eu fui a frente de todos, fui lá fiz o teste, depois falei “Olha, acabei de fazer, ainda vim com o curativo no braço”, pra mostrar que eu tinha feito mesmo, então foi por isso”, disse Lorna.