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Ator Bernardo Dugin denuncia padre por discurso homofóbico durante missa de 7º dia

Ministério Público do Rio de Janeiro ofereceu denúncia formal contra o padre, categorizando o ocorrido como racismo qualificado.

por Redação MundoMais

Quinta-feira, 17 de Outubro de 2024

O ator Bernardo Dugin, de 34 anos, registrou um boletim de ocorrência após ouvir um discurso homofóbico durante a missa de sétimo dia do pai de sua cunhada, realizada em Nova Friburgo (RJ). O caso aconteceu em abril do ano passado e, em setembro deste ano, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) ofereceu uma denúncia formal contra o padre responsável pela cerimônia, categorizando o ocorrido como racismo qualificado. As informações são do portal UOL.

Entenda o caso

Segundo Dugin, em reportagem do UOL, o padre Antonio Carlos dos Santos teria afirmado durante a missa que “o demônio está entrando nas casas das pessoas” e associou a destruição das famílias à “união de pessoas do mesmo sexo”. Dugin, que estava presente ao lado de seu namorado, relatou ter ficado perplexo com o discurso. Ele e o parceiro estão juntos há 10 anos e participavam da cerimônia em busca de conforto para a família enlutada.

Após sair da missa sem conseguir permanecer até o final, Dugin registrou a queixa no dia seguinte. O ator declarou que não é mais possível tolerar esse tipo de preconceito e, por isso, resolveu levar o caso às autoridades. Enquanto saía da igreja, Dugin ouviu o padre dizer que “quem se sentiu ofendido deveria aceitar que aquela era a verdade”.

Bernardo Dugin desabafa nas redes sociais

Em vídeo compartilhado em suas redes sociais, Bernardo Dugin compartilhou mais sobre o ocorrido. “Depois de 1 ano e 5 meses sem tocar nesse assunto, hoje eu recebi essa notícia e respiro um pouco aliviado. Por que racismo qualificado? Porque não existe lei específica para a homofobia, então esse crime é equiparado ao crime de racismo”, começou.

“Eu digo que hoje respiro um pouco aliviado, o meu coração com a certeza de que fiz a escolha certa, de que eu segui no caminho da justiça, de que pessoa alguma pode proferir gratuitamente o ódio e o preconceito contra qualquer ser humano”, continuou o ator, enfatizando que o processo foi acatado tanto pelo delegado quanto pelo MPRJ.

“Isso feriu a mim, feriu à minha família, feriu a uma comunidade inteira. Mas, eu não estou tão aliviado assim, porque a gente viu, de perto, o que acontece, as ameaças pelas redes sociais, ameaças à minha integridade física, ameaças de morte. Infelizmente, nós da comunidade [LGBTQIA] estamos acostumados a sofrer desde micro agressões no cotidiano, até o que a gente sabe que acontece lá na ponta, que eu não preciso dizer aqui”, desabafou.

Resolução momentânea

O padre Antonio Carlos foi afastado da Diocese de Nova Friburgo após a denúncia. Atualmente, o caso está sob investigação da Polícia Civil, e o Ministério Público propôs que o padre seja denunciado pelo crime de racismo qualificado, com base na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que equiparou a homofobia ao crime de racismo em 2019.

Além da denúncia criminal, o Ministério Público também pede uma indenização por danos morais no valor de R$ 50 mil. Dugin afirmou que sempre acreditou que a denúncia seria levada adiante, já que havia testemunhas e a reação das pessoas presentes foi unânime quanto ao caráter ofensivo do discurso.

Em resposta ao ocorrido, a Diocese de Nova Friburgo emitiu uma nota de esclarecimento nas redes sociais na época, reproduzindo um comunicado do padre. “Quem me conhece sabe que minha missão como sacerdote católico é professar a verdade do evangelho e doutrina da Igreja, da forma literal como escrito na Bíblia e no catecismo. Reitero meu compromisso com a sociedade sem distinção de raça, etnia, cor ou orientação sexual, pois entendo que somos iguais aos olhos de Deus, sendo certo que meu papel é proclamar o mandamento da caridade, respeito, misericórdia e tolerância”, afirmou o padre.

17-10-2024 às 20:15 !
Tá bão.