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Construção da identidade gay no Ocidente veio carregada de preconceitos, diz escritor

Patrick Autréaux, escritor franco-americano, discute machismo e cita que medo da feminilidade afetam tanto homens heterossexuais quanto homossexuais.

por Redação MundoMais

Quinta-feira, 24 de Outubro de 2024

Em entrevista para a BBC News Mundo (o serviço em espanhol da BBC), veiculada em setembro de 2024 e divulgada pela BBC News Brasil no último sábado (19), o escritor franco-americano Patrick Autréaux, 56 anos, compartilhou detalhes de sua trajetória literária e temas que o inspiram a escrever, além de discorrer sobre uma visão ocidental da identidade gay. Há 25 anos, o escritor foi diagnosticado com câncer e busca abordar em suas obras como essa experiência foi como um divisor de águas em sua vida.

Ao longo dos anos, Autréaux publicou mais de uma dezena de livros, sempre explorando dramas pessoais e familiares. Em uma de suas obras mais recentes, “Pussyboy” (2021), o autor aborda a complexidade de uma relação entre dois homens, Zac e o narrador, cujas vidas são marcadas por encontros sexuais ocasionais, mas que evoluem para uma confiança peculiar. Segundo Autréaux, a história é, em parte, autobiográfica.

“São duas pessoas provenientes de ambientes culturais e sociais muito diferentes e que, depois de se conhecerem, mantêm um relacionamento que não é totalmente amoroso, mas também não é puramente sexual, e muito nem menos um simples vínculo de uma noite. O relacionamento entre Zac e o narrador encontra-se em um ponto intermediário entre uma relação amorosa e uma relação puramente sexual. É um espaço que pertence a ambos, criado com base nas suas próprias censuras pessoais”, conta o escritor.

Visão ocidental da homossexualidade

Durante a conversa, Autréaux também falou sobre a dificuldade de Zac em aceitar sua homossexualidade. O personagem, que vive sua sexualidade na clandestinidade, reflete a realidade de muitos homens que, por razões diversas, não declaram publicamente sua orientação sexual. “Zac é um daqueles homens que ainda vivem no armário por motivos pessoais, culturais e familiares. Ele vive o relacionamento na clandestinidade, enquanto o outro vive abertamente sua sexualidade. Isso faz com que eles consigam criar um espaço particular de confiança que se torna muito profundo”, afirmou.

Para o escritor franco-americano, a recusa de Zac em se identificar como homossexual é fruto de uma combinação de censuras pessoais e de uma construção negativa da identidade gay, que ele associa a uma visão ocidental.

“Nas sociedades machistas, o papel privilegiado é o do homossexual ativo, que procura conservar a masculinidade e suprimir a feminilidade que todos nós possuímos. Muitos homens têm medo da feminilidade. Em algumas sociedades, assumir-se como homossexual é complexo porque a identidade gay, em grande parte, é uma construção ocidental, que chegou com grande carga negativa. Por isso, consigo entender perfeitamente que alguém como Zac, que não vem de uma cultura ocidental, possa se negar a assumir uma categoria sexual desenvolvida pelo Ocidente”, destacou.

Escritor franco-americano discute interferência do machismo

O autor também discutiu como o machismo afeta tanto homens heterossexuais quanto homossexuais, especialmente em sociedades patriarcais. Ele acredita que “muitos homossexuais adotam posturas machistas para se proteger de uma feminilidade que os assusta. O machismo é terrivelmente esterilizante porque esteriliza a fluidez da identidade masculina, da qual muitos têm medo”.

Zac, segundo o autor, é um exemplo desse comportamento, mantendo sua postura ativa e recusando a ideia de vulnerabilidade. “Acredito que Zac, que acaba seguindo seu caminho, tem medo de si próprio, da sua confusão. Ele também tem medo da desonra e da vergonha social, mas principalmente da sua confusão interna”, explicou Autréaux.

Ao longo da entrevista, Autréaux também refletiu sobre como sua obra atrai um público diverso, incluindo muitas mulheres que se identificam com as dinâmicas de poder e identidade presentes em seus livros. “Eu pensava que o meu público seria principalmente de homens homossexuais, mas fiquei surpreso ao saber que a maior parte do meu público mais fiel é composto por mulheres que se reconhecem neste tipo de história de papéis predeterminados e que, em algum momento, gera problemas pessoais”, afirma.

Ele acredita que as mulheres têm menos medo de explorar a sexualidade e, por isso, encontram mais espaço para se conectar com histórias como as que ele escreve: “Os homens têm dificuldade de ler obras sobre relações íntimas entre duas pessoas. Já as mulheres têm menos medo da sexualidade e costumam ser menos puritanas”, conclui.

25-10-2024 às 13:05 Hummm
As mulheres tem a aceitação social de "se elogiarem entre si", quer no corpo ou no traje! Também, as mulheres (elas pelo feminismo), desenvolveram a resistência a entrega (voluntária, como pelo casamento) ao homem! Quando fiquei com outro homem em quarto de hospede, a questão feminilidade ou não, nem foi o foco mas a atração que tanto eu quanto ele, tivemos um do outro! Mesmo socialmente hetero, quando deixei minha nadega "no radar dele", em pouco tempo, estava me penetrando!
24-10-2024 às 18:52 Jorge Jorge
A dicotomia que ele propõe é falsa. Na China, no Irã, na Coreia, no Japão, qualquer que seja o lugar não ocidental, por uma ou outra razão, pela tradição, pelo Islã, pela merda que for, TAMBÉM HAVERÁ E HOUVE PRECONCEITO CONTRA OS GAYS. Eles não são mágicos, ímpios. Isso é fantasioso. de modo que o mkundo é assim, mas com uma diferença: o Ocidente prega o livre-árbítrio. Essa é uma verdade Cristã. Em virtude disso, eu cuido de mim e você de você. Daí a razão para uma tolerância, que, todavia, não existe sob o peso da Sharia.
24-10-2024 às 14:32 Sempre Gabriely-Atora Porno.
Tá bão.
24-10-2024 às 14:29 Jorge Jorge
E em Teerã, como será essa tal de "construção"?.... Cada palhaço, disfarçado de intelectual.... Cara, o Ocidente é a Cruz, a Cruz é o Cristianismo, o Cristianismo é a liberdade. Liberdade que permite a você, bi, ir para baixo do vão do Masp e, aí estando, enfiar um crucifixo no cu. Gente, ou nós entendemos Jesus como a nossa liberdade, inclusive de ser gay, ou nós continuamos a confiar em (falsos) intelectuais, como esse palhaço aqui.