Streaming brasileiro ganha força com maior representatividade nas telas

As plataformas de streaming têm transformado o cenário audiovisual global, impactando diretamente o consumo e a produção de conteúdos no Brasil. No entanto, questões de representatividade cultural e social ainda são desafios significativos para a produção nacional. Um estudo da Paramount Global aponta que para 9 em cada 10 pessoas, a autenticidade nas narrativas audiovisuais é muito importante.

O levantamento também destaca uma percepção que preocupa no Brasil: 23% das pessoas negras entrevistadas disseram se sentir retratadas como criminosas, enquanto 24% acreditam ser vistas como perigosas nas produções. Ademais, essa sub-representação atinge também pessoas com deficiência e membros da população LGBT+.

Streaming mais autêntico

Apesar desses desafios, as plataformas de streaming estão criando oportunidades para a divulgação de conteúdos mais autênticos e variados. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2023 revelam que mais de 40% dos domicílios brasileiros possuem serviços de streaming, o que tem incentivado a produção local. O Brasil, que é o segundo maior mercado da Netflix no mundo, também compartilha suas novelas e outras produções com vários países, expandindo sua influência no mercado audiovisual global.

A líder de Mídia e Produção para o Brasil na Getty Images, Verônica Raad, destaca o papel das produtoras e fornecedores de conteúdo na criação de histórias visuais autênticas. “Nossa missão é ajudar produtoras e cineastas a reconstruir e enriquecer essas histórias visuais, seja para um documentário sobre um evento marcante ou para um filme que busca capturar o espírito vibrante da cultura brasileira”, explica. Segundo ela, a Getty Images oferece um acervo de mais de 30 milhões de videoclipes e 552 milhões de imagens para apoiar produções de cinema, TV e streaming.

Produções recentes como “Bom dia, Verônica” (Netflix), “Pico da Neblina” (Max) e “Manhãs de Setembro” (Prime Video) são exemplos de projetos que utilizaram esse tipo de conteúdo, destacando aspectos culturais brasileiros em suas narrativas. O filme “Ainda estou aqui“, premiado em Veneza e possível candidato brasileiro ao Oscar 2025, também se beneficiou desse acervo.

Verônica também mencionou a relevância das imagens de arquivo na série documental “Vale dos Isolados: o Assassinato de Bruno e Dom” e no documentário “Elis e Tom – Só tinha de ser com você”. Para ela, o uso de registros históricos e materiais exclusivos eleva o padrão das produções brasileiras: “O Brasil é conhecido por ser um exportador de novelas de renome mundial, atualmente ocupa o segundo lugar no ranking de assinantes da Netflix em todo o mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Isso tem impulsionado a criação de filmes, séries e documentários 100% nacionais”.