por Redação MundoMais
Quarta-feira, 11 de Dezembro de 2024
O pastor Luiz de Jesus, da igreja evangélica Catedral da Família, em Palmas, foi denunciado ao Ministério Público do Estado do Tocantins (MP-TO) por promover uma suposta "cura gay" em uma adolescente durante um culto. Em vídeo publicado nas redes sociais da igreja e removido após a repercussão, o pastor ora por uma menina acompanhada do pai e da mãe.
"Um demônio que gritou e disse assim: 'muda seu sexo'. Mas a vontade é cortar o cabelo e deixar igual o meu", disse ele. Em outro momento, quando a adolescente está de joelhos, ele diz: "Jesus gritou na minha alma: 'vai casar com homem, vai ter filhos. A partir de hoje, vai se vestir igual mulher'. Porque Jesus arranca o demônio lá de dentro agora, ô, em nome de Jesus".
Na gravação, a mãe da menina relata que a filha contou ter sentido "desejo por mulheres". "A partir de hoje o desejo é mudado. Eu tô vendo você maquiada, com o cabelo grande", disse o pastor em seguida.
O vídeo foi gravado no dia 26 de novembro e, com a repercussão sobre o caso, o Coletivo SOMOS denunciou a situação ao Ministério Público. Segundo o coletivo, o ocorrido configura violação de direitos, com base na Constituição Federal, no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e no Código Penal.
A reclamação foi encaminhada à 15ª Promotoria de Justiça da Capital, que instaurou um procedimento para investigar o caso.
"Associar orientação sexual a 'possessão demoníaca' e prometer 'curas milagrosas', como 'vomitar o câncer', é desumano, perigoso e viola direitos fundamentais", escreveu o coletivo no Instagram. Eles também denunciaram uma possível prática de curandeirismo em relação a outro vídeo do pastor.
Em entrevista ao g1, Luiz de Jesus negou a prática de "cura gay". "Na minha igreja, talvez ninguém sabe, tem casal de homossexual que é meu amigo, eu tenho acho que cinco ou seis homossexuais na minha igreja. Estão desvirtuando a coisa, estão jogando para outro lado. Eu não tenho nada contra ninguém", disse.
O Terra NÓS não conseguiu localizar a defesa do pastor Luiz de Jesus. A reportagem entrou em contato com o Ministério Público e com a igreja Catedral da Família para mais esclarecimentos. O espaço segue aberto para manifestações.
Fonte: Terra