por Redação MundoMais
Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
Fred Itioka, jornalista e roteirista do programa “Altas Horas”, da TV Globo, lança o livro “Cartas Fora do Armário”, uma coletânea de cartas escritas por homens gays para seus pais. O projeto reúne relatos de 21 autores de diversas partes do mundo, incluindo Brasil, Estados Unidos, França, Irã e Indonésia, que compartilham experiências de vida marcadas por afeto, rejeição e tentativas de reaproximação.
Fred Itioka realiza entrevistas ao longo dos anos
A ideia surgiu durante a pandemia, mas tem raízes em conversas informais com amigos sobre a dificuldade de diálogo com os pais. “Comecei a conversar com amigos gays sobre o que ‘gostariam’ de falar para seus pais. E a ouvir suas histórias. A maioria encontrou nas conversas a oportunidade de se abrir pela primeira vez sobre seu passado e desabafar”, conta Itioka, que também escreveu sua própria carta, considerada por ele o texto mais difícil de sua vida.
Segundo o autor, a produção envolveu mais de 90 entrevistas ao longo de quase quatro anos. Muitos participantes preferiram manter suas identidades em sigilo devido ao medo, especialmente aqueles vindos de países com legislações severas contra a população LGBT+. Um refugiado afegão em situação de vulnerabilidade também contribuiu com sua história.
Com uma linguagem direta e pessoal, “Cartas Fora do Armário” explora os desafios nas relações familiares em meio a preconceitos e expectativas sociais. As cartas apresentam histórias de medo, rejeição e esperança, mostrando como o machismo e a LGBTfobia ainda afetam vidas em diferentes partes do mundo.
Serginho Groisman assina orelha do livro
Serginho Groisman, apresentador do “Altas Horas”, assina a orelha do livro, destacando a relevância social e a sensibilidade do projeto. “Escrever uma carta não é só um relato para os outros. É um documento da nossa alma, um atalho para chegar aos corações de quem às vezes não quer nem ouvir, nem ver o sofrimento e as alegrias do filho”, escreve Groisman.
O apresentador acredita que é essencial combater a exclusão, a intolerância e o preconceito, oferecendo apoio e compreensão a quem enfrenta essas dificuldades. “Muitos de nós não consegue se colocar na pele e na alma de quem sofre desde a infância por não atender as expectativas de uma família ou da sociedade”, afirma.