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Em livro, médico revisita a epidemia do HIV no Brasil

Entre figuras da noite, remédios contrabandeados, lares suburbanos e quartos de hospital, "Sangue Neon" tece mosaico da epidemia que redefiniu uma era.

por Redação MundoMais

Quinta-feira, 23 de Janeiro de 2025

A epidemia de HIV, que marcou profundamente o tecido social e expôs as fragilidades estruturais do Brasil nas décadas de 1980 e 1990, é o tema central de Sangue Neon, romance histórico de estreia do médico Marcelo Henrique Silva. Inspirada em eventos reais, a narrativa mistura ficção e fatos históricos para recriar um período de negligência, exclusão social e luta pela vida.

O livro mergulha em um cenário de devastação, onde jovens saudáveis começaram a adoecer e morrer rapidamente, enquanto a sociedade demorava a reagir. Personagens de diferentes origens e trajetórias se unem contra o vírus e enfrentam desafios que vão desde o contrabando de medicamentos até o combate ao preconceito.

Entre as vozes que compõem a narrativa, destaca-se Vera Lynn, uma travesti nordestina inspirada em Brenda Lee, que transforma sua dor em força ao fundar o primeiro abrigo para pessoas com HIV. Outra personagem central é Sara, uma médica residente que enfrenta o estigma de ser chamada de “a doutora dos viados” enquanto trabalha em hospitais com recursos limitados. A trama também aborda o papel crucial de comissários de bordo da Varig, que contrabandeavam medicamentos essenciais, e de médicos idealistas, como o jovem infectologista Itamar, que sonhavam com a construção de um sistema de saúde mais inclusivo.

“Quando os contrabandos da Varig começaram a chegar deu uma amenizada nas mortes. Lutávamos para que essas drogas fossem liberadas e distribuídas; a tragédia só começou a ganhar destaque quando atingiu famosos, artistas de novelas e filhos de deputados”. (Sangue Neon, p. 126).

A obra contextualiza os desafios de uma época marcada por desinformação e preconceito. Marcelo Henrique Silva expõe como a epidemia foi inicialmente tratada como um problema restrito à comunidade LGBT+, agravando o estigma em torno da doença. “O Inamps, responsável por grande parte dos serviços de saúde, atendia apenas trabalhadores com carteira assinada, focando no retorno rápido ao trabalho, enquanto o Ministério da Saúde transferia a responsabilidade para as secretarias estaduais”, destaca o autor.

A criação do Sistema Único de Saúde (SUS), impulsionada pela Constituição de 1988, é abordada como um marco na resposta contra a Aids no Brasil. Um contrato entre o Estado de São Paulo e o governo pernambucano, conhecido como o “Palácio das Princesas”, consolidou medidas que tornaram o país referência mundial no controle da doença.

Por meio de personagens complexos e uma narrativa intensa, Sangue Neon questiona o leitor sobre como epidemias afetam a sociedade como um todo, mas atingem de forma mais cruel os grupos vulneráveis. O autor, que também atuou na linha de frente da pandemia de Covid-19, constrói uma obra que não se limita a recontar os fatos, mas também oferece uma reflexão profunda sobre exclusão, solidariedade e o papel da saúde pública em momentos de crise.

Ficha Técnica

• Título: Sangue Neon
• Autor: Marcelo Henrique Silva
• Editora: Faria e Silva (Grupo Alta Books)
• ISBN: 978-6560251229
• Formato: 14 x 21 cm
• Páginas: 176
• Preço: R$ 38,90 (eBook) | R$ 56,90 (Livro físico)
• Onde encontrar: Amazon.

24-01-2025 às 12:20 Eu
Enfim uma matéria boa nessa jaca de site.
23-01-2025 às 16:38 Bixa-Pós Graduada-Na Casa Do Carvalho.
Pois é.........Mas................O que tem de mona cruzando no pelo..........!!! Achando que, só por que tem tratamento, a vida será um mar de rosas..................Ledo engano/Dignas de pena!!! Por isso, usem sempre camisinha!!! Boa tarde.