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Cineasta trans representará o Brasil no Festival de Berlim

No Dia Nacional da Visibilidade Trans, Rosa Caldeira, que dirigiu o curta-metragem "Anba dlo", reflete: "Pessoas trans ainda estão restritas".

por Redação MundoMais

Quarta-feira, 29 de Janeiro de 2025

O curta-metragem “ Anba dlo ”, dirigido, roteirizado e co-produzido por Rosa Caldeira em parceria com Luiza Calagian, foi selecionado para a Berlinale Shorts, categoria oficial de curtas do Festival Internacional de Cinema de Berlim. O filme é o único representante brasileiro na competição, que é uma das mais prestigiadas do mundo.

Rosa Caldeira é um cineasta trans formado em Sociologia e especializado na Escuela Internacional de Cine y TV, em Cuba. Além da disputa pelo prêmio, Rosa participará da Berlinale Talents, plataforma internacional para talentos emergentes do cinema, criada em 2003. Ele já dirigiu videoclipes, campanhas publicitárias e produções premiadas, como “Perifericu”, que acumulou mais de 35 prêmios e foi exibido em 200 festivais.

Vivência trans na arte

O cineasta afirma que sua transmasculinidade permeia o seu trabalho, mas, ao mesmo tempo, não o nicha, ressaltando que o "objetivo não é dialogar somente com a população trans", e sim conseguir "incluir as pessoas trans em conversas que normalmente não são nem considerados".

"Escutar uma pessoa trans contar sua história pode ser transformador para quem não convive com pessoas trans — não porque eu vá falar exclusivamente sobre transfobia e as dificuldades que eu enfrento, mas porque minha vida é feita de questões humanas que atravessam qualquer pessoa: identidade, política, gênero, amor, perdas e sonhos", afirma o artista.

Rosa explica o simbolista por trás do dia 29 de janeiro, que marca o Dia da Visibilidade Trans: "Para mim, é um reconhecimento das pessoas trans que abriram caminhos para que hoje possamos ocupar espaços antes negados. É um momento para lembrar que, em um país como o Brasil — que lidera os índices de violência contra pessoas trans e travestis —, essa visibilidade ainda é questão de sobrevivência."

Festival de Berlim

O curta-metragem que levará o cineasta a Berlim é o "Anba dlo". Na produção rodada em Cuba, Rosa conta a história da bióloga haitiana Nadia, interpretada por Berline Charles, e explora temas como luto, migração e espiritualidade. Segundo Rosa, o filme foi inspirado por experiências pessoais, como a perda do pai, ocorrida enquanto ele finalizava sua especialização em Cuba.

"Como brasileiros estudando cinema na EICTV, em Cuba, Luiza e eu enfrentamos diferentes perdas significativas longe de casa - no meu caso, a morte do meu pai. Esse processo nos aproximou de Berline Charles, a protagonista do filme, e uma haitiana que também vivia um luto familiar longe de seu país de origem."

Rosa recebeu a notícia da seleção no dia 23 de dezembro, sendo um "presente de Natal": "Eu tava na casa da minha mãe, cercado pelos meus irmãos e família, e custei a acreditar—achei que era engano, sei lá. Estamos falando de um dos festivais mais prestigiados do mundo, com mais de 5.000 inscritos só na nossa categoria e apenas 20 selecionados. Quando caiu a ficha, a emoção tomou conta. Não consegui parar de comemorar."

Ele completa: "Assistimos ao filme juntos, e foi uma experiência única. Embora seja um drama forte, a minha família transformou tudo em uma mistura de comédia e emoção. Eles comentavam cada cena, faziam bagunça, riam ao mesmo tempo que se emocionavam e de alguma forma tornaram aquele momento ainda mais especial. É muito lindo poder compartilhar essa conquista com os meus."

29-01-2025 às 13:59 Vo de taxi-Pois Ubi tá caro.
Tá.