por Redação MundoMais
Quinta-feira, 06 de Março de 2025
Estreando nos cinemas brasileiros neste 6 de março, “É Tempo de Amar” é um drama romântico de época que se desenrola na França do pós-Segunda Guerra Mundial. Dirigido por Katell Quillévéré e estrelado por Anaïs Demoustier e Vincent Lacoste, o filme é inspirado em uma história verídica da família da cineasta.
A trama acompanha Madeleine, uma mãe solteira que, nos anos 1950, se envolve com François, um jovem estudante de uma família tradicional. A relação, marcada por convenções sociais e segredos, se torna um reflexo das tensões e dos desafios de um período em que o passado ainda projetava sombras sobre o presente.
Uma história real transformada em ficção
O projeto surgiu a partir de um segredo que atravessou gerações na família de Quillévéré. Sua avó, cuja juventude coincidiu com a ocupação nazista na França, manteve em sigilo um relacionamento com um soldado alemão. O filho nascido dessa relação foi criado pelo marido que ela conheceria anos depois, em circunstâncias que a diretora descreve como decisivas para a construção da identidade daquela família.
“Ela conheceu meu avô quatro anos depois, em uma praia na Bretanha. Ele era de um meio social muito mais abastado que o dela. Ele se casou com ela contra a vontade dos pais e adotou o filho dela. O segredo sobre a verdadeira paternidade dessa criança foi descoberto muito tarde. Minha avó tinha mais de 80 anos e meu avô já havia morrido há muito tempo. O casal e seu mistério sempre me intrigaram”, explica Quillévéré.
A narrativa do filme se apropria dessa experiência familiar para construir um drama que, além da dimensão pessoal, se insere em um contexto social mais amplo. O roteiro, assinado por Gilles Taurand, examina a trajetória de uma mulher que desafia as normas de sua época, expondo as consequências emocionais e políticas de suas escolhas.
Influências cinematográficas e reconstrução histórica
Com referências ao cinema de Douglas Sirk e uma estética que remete aos grandes melodramas clássicos, É Tempo de Amar busca captar as nuances das relações humanas em um período de intensas transformações sociais. O filme inclui imagens reais de mulheres tosquiadas após a Segunda Guerra Mundial – um dos rituais de punição pública impostos àquelas que tiveram envolvimentos com soldados alemães.
A crítica recebeu É Tempo de Amar com elogios à sua abordagem sensível e detalhada. O longa foi exibido na seção Cannes Première do Festival de Cannes 2023 e concorreu à Queer Palm. Além disso, Vincent Lacoste foi indicado ao Lumière Awards na categoria de Melhor Ator.